A queda de cabelo é uma preocupação comum que leva muita gente a buscar as mais diversas soluções. No entanto, o mercado de produtos de beleza está cheio de tratamentos duvidosos que prometem resultados incríveis para os calvos, mas que geralmente não cumprem o que garantem.
No caso da alopecia androgenética, aquele tipo que herdamos de nossos pais e avós, existem, porém, opções eficazes, como o minoxidil, disponível como loção para aplicação direta no couro cabeludo, e a finasterida, que é tomada por via oral.
Para a alopecia areata, doença autoimune que provoca queda capilar, a Anvisa aprovou recentemente um medicamento: o baricitinibe, conhecido pelo nome comercial de Olumiant.
👉 E esqueça aquela história de que alguns alimentos podem impedir ou prevenir a calvície ou que shampoos antiqueda são eficazes contra a perda de cabelo. Ao final desta reportagem, veja a explicação sobre 10 mitos.
❗ E atenção: o ideal sempre é procurar atendimento médico especializado para definir o diagnóstico.
Confira o que funciona e o que não funciona para queda de cabelo
O que funciona para alopecia androgenética, conhecida como calvície:
FINASTERIDA:
Como age: Ela atua inibindo uma série de enzimas chamadas 5-alfa-redutase, impedindo o corpo de converter a testosterona em DHT, um hormônio que leva ao crescimento da próstata e à calvície.
Está entre os tratamentos mais comuns para a calvície masculina, mas pode ter como efeito colateral a impotência sexual.
É importante ressaltar que apenas uma pequena porcentagem de pacientes experimenta esses efeitos, com cerca de 2% dos homens relatando redução da libido e impotência como resultado do uso da finasterida.
Embora considerada rara, a disfunção sexual associada à finasterida inclui perda de desejo sexual, disfunção erétil e ejaculatória, e ainda há controvérsias sobre a persistência desses sintomas após a interrupção do medicamento, uma vez que não existem estudos conclusivos sobre o assunto.
➡️ O medicamento não é recomendado para a calvície feminina. Nas mulheres, os resultados não são tão consistentes e o remédio não é seguro durante a gestação.
Hoje em dia, os especialistas também sabem que além de mexer com a circulação ao redor dos folículos capilares, entregando mais oxigênio e nutrientes aos fios, o minoxidil atua também prolongando a fase de crescimento do ciclo do cabelo, chamada tecnicamente de anágena.
MINOXIDIL:
Como age: Ele prolonga a fase de crescimento do ciclo do cabelo e mexe com a circulação sanguínea ao redor dos folículos capilares, entregando mais oxigênio e nutrientes aos fios.
O medicamento NÃO vai fazer crescer de volta aquele cabelo que você já perdeu. Ele funciona mais como um botão de pausa.
Ele é recomendado para o tratamento tanto de homens quanto de mulheres. Ao contrário da finasterida, o minoxidil não está relacionado à impotência sexual.
🚨 Minoxidil oral: O medicamento não tem registro da Anvisa no Brasil para uso contra a calvície. O uso oral do minoxidil tem gerado preocupações em razão dos potenciais riscos cardíacos. Por esse motivo, a recomendação é que os pacientes busquem orientação médica adequada, evitando a automedicação.
Entenda como funcionam o finasterida e o minoxiodil:
Finasterida e minoxidil funcionam bem, mas não fazem crescer de volta o seu cabelo
💇♂️ O que funciona para alopecia areata, doença autoimune que provoca queda capilar:
BARICITINIBE (conhecido pelo nome comercial de Olumiant)
O medicamento é o primeiro tratamento sistemático para alopecia areata aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Ele poderá ser administrado em pacientes adultos com o quadro grave da doença para o tratamento em todo o corpo, em vez de um local específico.
Como age: estudo chegou a comprovar pelo menos 80% de cobertura capilar do couro cabeludo em pacientes após 36 semanas de tratamento.
Preço: Já está disponível no mercado. Segundo a fabricante Eli Lilly do Brasil, a dosagem de 4 mg tem preço máximo ao consumidor (PMC) de R$ 5.648,25, sem impostos. Em farmácias on-line, porém, o preço de varejo do medicamento tende a ser mais caro.
Bem Estar explica as causas e tratamentos da calvície feminina:
Entenda as causas e tratamentos da alopecia, a calvície feminina
10 mitos sobre calvície
1. Raspar a cabeça faz o cabelo cair mais rápido.
❌ Mito. O mito de que raspar a cabeça afeta o crescimento dos cabelos é um dos mais comuns, mas é infundado. Isso porque a raspagem não interfere no desenvolvimento dos folículos pilosos, estruturas da pele responsáveis por produzir cabelo.
Cortar ou raspar o cabelo só tira os fios da parte de cima, enquanto os folículos embaixo da pele permanecem intactos e continuam seu ciclo de crescimento normalmente.
Além disso, a calvície genética é caracterizada pela rarefação e diminuição dos folículos pilosos.
Um fator-chave relacionado a esse tipo de alopecia é a DHT (dihidrotestosterona), um hormônio sexual mais presente nos homens (veja infográfico abaixo), que estimula o desenvolvimento das características masculinas.
Esse hormônio tem o poder de encurtar o ciclo de vida dos cabelos em pessoas com predisposição genética para a calvície, ou seja, aquelas que têm familiares próximos com a doença, como pais ou avós. Isto é, não é a quantidade de DHT que interfere na sua calvície, mas sim essa predisposição.
No entanto, como ressalta Leonardo Abrucio Neto, dermatologista da BP – a Beneficência Portuguesa de São Paulo, é importante lembrar que um processo inflamatório intenso pode, sim, danificar a raiz do cabelo se essa raspagem for demasiada (com força), “acelerando o processo de alopecia”, criando áreas onde o cabelo não cresce mais.
Por que algumas pessoas são calvas? — Foto: Luisa Rivas/Arte g1
2. Lavar o cabelo diariamente pode contribuir para o processo.
❌ Mito. A frequência adequada de lavagem do cabelo depende do tipo de couro cabeludo, e não interfere na quantidade de fios que perdemos rotineiramente.
Se o couro cabeludo for oleoso, é necessário lavar o cabelo com mais frequência, até mesmo diariamente.
Se esse tecido que recobre o crânio for seco, lavar o cabelo todos os dias pode não ser necessário e a lavagem a cada dois dias será suficiente.
“Estima-se que o normal seja perder aproximadamente 100 fios de cabelo por dia. O sinal de alerta é a pessoa perceber que está perdendo mais fios que o habitual”, diz Carolina Milanez, médica dermatologista do Hospital Heliópolis, em São Paulo.
3. Sempre usar um secador facilita a calvície.
❌ Mito. Na realidade, o uso frequente do secador de cabelo pode tornar os fios mais finos, mas não leva à calvície.
Por outro lado, usar o secador de cabelo em alta temperatura, especialmente próximo ao couro cabeludo, pode tornar os fios frágeis e, com o uso excessivo, danificar o cabelo e o couro cabeludo.
Portanto, é aconselhável usar o secador a uma distância segura (cerca de 15 cm), por menos tempo e em temperaturas mais baixas para evitar danos.
O que deve ser feito é evitar danos aos fios, evitando o calor excessivo e a tração durante a secagem. Portanto, o ideal é minimizar o uso do secador, protegendo os cabelos e, ocasionalmente, optando pelo ar frio ou deixando-os secar naturalmente.
— Paula Chagas, cosmetóloga
4. Usar boné faz o cabelo cair permanentemente.
❌ Mito. Usar boné não causa calvície e não há nenhuma evidência concreta neste sentido.
No entanto, conforme explica Abrucio Neto, o uso frequente de chapéus ou outros acessórios semelhantes pode aumentar a temperatura do couro cabeludo e agravar a dermatite seborreica, o que, por sua vez, pode tornar o tecido mais inflamado e contribuir um pouco para a queda de cabelo temporária.
Mas isso não tem relação alguma com a forma de queda de cabelos geneticamente determinada e permanente.
⚡ Agora, existem muitos outros tipos de queda que são temporários e podem ser desencadeados por várias razões, incluindo essas doenças dermatológicas, estresse e deficiências nutricionais, como no caso da alopecia areata, uma doença autoimune.
5. Homens calvos têm mais testosterona
❌ Mito. Homens calvos NÃO têm níveis mais elevados de testosterona.
A calvície está, de fato, relacionada à testosterona, mas aqui não é a quantidade produzida que importa e, sim, a sensibilidade do nosso corpo a ela.
A DHT, uma substância derivada da testosterona, desempenha um papel fundamental na perda de cabelo. Isso ocorre devido à ação de uma enzima conhecida como 5-alfa redutase, que converte a testosterona em DHT e resulta na diminuição dos folículos capilares.
E alguns homens têm uma predisposição que os torna mais sensíveis à DHT do que outros.
Na verdade, o que acontece é que o homem tem mais tendência genética a ter calvície porque o fio dele tem uma avidez maior pela testosterona. Então, o nível sérico (a concentração no sangue) da testosterona não muda nada.
— Violeta Tortelly, dermatologista do Departamento de Cabelos e Unhas da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD)
Resumindo: embora a testosterona tenha um papel na calvície, a diferença entre calvos e não calvos não está na quantidade de testosterona produzida, mas, sim, na forma como a testosterona é recebida nos folículos capilares.
6. Mulheres nunca podem ser calvas
❌ Mito. A calvície NÃO é uma exclusividade dos homens, e algumas mulheres também podem experimentá-la.
No caso da alopecia androgenética, embora seja menos frequente em mulheres do que em homens, a conversão de testosterona em DHT ocorre em ambos os sexos, levando à perda de cabelo.
Além disso, existem outras formas de queda que afetam as mulheres, como a alopecia areata.
“As mulheres produzem uma menor quantidade de testosterona. Então, não ocorre a conversão da testosterona em di-hidrotestosterona, que é o hormônio que causa afinamento dos fios de cabelo. Portanto, a rarefação capilar na mulher é bem menor do que no homem, que apresenta maior produção do hormônio”, diz Abrucio Neto.
7. A calvície é transmitida geneticamente pela família da mãe
❌ Mito. Na verdade, a alopecia androgenética é autossômica e poligênica, o que significa que a condição pode ser transmitida tanto pela mãe quanto pelo pai.
Ou seja, a calvície é influenciada por diversos genes, que podem ser herdados de ambos os lados da família. Portanto, para avaliar suas chances de perda de cabelo, é importante considerar todos os parentes das famílias materna e paterna.
“Às vezes, a herança vem até mesmo dos avós, bisavós”, diz Milanez.
8. ‘Se ficou grisalho, não ficará calvo’
❌ Mito. Não há relação científica entre cabelos grisalhos e calvície. Ambos têm influência genética, mas cabelos grisalhos podem surgir mais cedo em situações de estresse, doenças do couro cabeludo (como alopecia areata), vitiligo e condições inflamatórias (como tireoidite). Maus hábitos, como alimentação inadequada e tabagismo, também podem desempenhar um papel.
9. Alguns alimentos podem impedir ou prevenir a calvície
❌ Mito. A alopecia androgenética é uma condição genética, e não existem alimentos que possam preveni-la. Embora uma dieta saudável possa contribuir para a saúde dos cabelos, ela não tem o poder de evitar a perda de cabelo de origem genética.
10. Shampoo antiqueda evita a calvície
❌ Mito. Aqui é importante entender que o shampoo tem uma função principal de limpar o couro cabeludo e os fios, e seu contato com a pele é bastante breve. Portanto, não há tempo suficiente para que ele penetre na pele e atue nas causas da queda de cabelo, que ocorrem no interior da pele. Consequentemente, shampoos antiqueda não são eficazes para combater a perda de cabelo.
Por isso, a dermatologista Carolina Milanez resume: “não há como prevenir a alopecia androgenética nem a alopecia areata. O melhor é procurar ajuda o quanto antes para ser acompanhado".
Por Roberto Peixoto, g1